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“Pelo amor ao Jogo”, parte 3
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''Eu sabia da magnitude do jogo, mas eu não compreendia completamente o que ele significava. Era 1982 e eu era um calouro na universidade de North Carolina. Nós iríamos jogar contra Georgetown, o time de Patrick Ewing, pelo campeonato nacional, no Superdome de Louisiana. Eu lembro que nós estávamos indo para o jogo. Eu estava prestes a dormir no ônibus e comecei a sonhar acordado. Eu estava chutando a bola que ganharia o jogo. Eu lembro de estar me sentindo tão calmo, tão relaxado. Eu não estava completamente acordado, nem completamente adormecido. Eu estava confortável em algum lugar intermediário. Eu me vi sendo o herói de um jogo. Eu me vi acertando a bola que ganharia o jogo. Eu podia ver meus companheiros de equipe, James Worthy, Sam Perkins, o técnico Dean Smith. O sonho não era muito específico então eu não sabia se seria o jogo contra Georgetown dali a algumas horas, ou contra qualquer outro time num outro ano. Mas depois de termos vencido Georgetown e ganhado o título, eu disse a meu pai que tinha tido aquele sonho. Ele pausou um instante e então disse: 'sua vida nunca será a mesma depois desse chute. Sua vida irá mudar, filho.' E eu pensei: 'bem, é só o meu pai falando. É claro que ele vai pensar isso sobre seu filho. Além disso, ninguém saberia dizer se minha vida iria mudar ou não com certeza.' Eu nunca dei muito valor ao que meu pai me disse aquele dia – até agora.'' (Michael Jordan)


“Pelo amor ao Jogo”, parte 2
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''A quadra de basquete sempre foi meu refúgio. Era pra onde eu ia quando eu precisava achar a resposta para algum problema, ou pra acalmar a minha mente. Quando eu assinei pela primeira vez com o Chicago Bulls, em 1984, o contrato da NBA incluía uma cláusula que proibia os jogadores de praticarem algumas atividades durante a offseason, inclusive jogar basquete. Se você jogasse sem obter permissão do time e se machucasse, o time poderia rescindir o contrato com você. Eu nunca poderia viver com esse tipo de restrição. Eu precisava jogar. Eu não só achava conforto nas quadras, eu usava o verão para melhorar.

O Bulls finalmente concordou em incluir o que eu nomeei de 'Cláusula de Amor pelo Jogo.' Naquela época, poucos jogadores, se algum, tinham esse tipo de liberdade que o Bulls me deu. Agora, eu poderia fazer o que eu sempre havia feito. Eu poderia jogar basquetebol sem consequências.'' (Michael Jordan)

‪#‎PeloAmorAoJogo‬

for the love2


“Pelo amor ao Jogo”, parte 1
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Em Setembro e Outubro do ano passado publicamos uma série de posts chamada 'Pelo amor ao jogo', baseada num livro chamado 'For the love of the game' da 'Crown Publishers' (obra não publicada no Brasil). Esse livro é uma coletânea de textos de Michael Jordan contando sua própria história. Gostamos muito da série e, como nossa página no facebook ganhou 10mil seguidores desde então, resolvemos republicá-la, aqui no UOL. Você encontrará por aqui um post todo dia de manhã pelas próximas semanas. Os trechos foram livremente traduzidos por nós. Espero que gostem!

[Parte 1] INTRODUÇÃO:
Por treze brilhantes temporadas, Michael Jordan dançou a dança da grandeza pelas arenas de Nova Iorque a Los Angeles, de Barcelona até Paris. Com um coração de guerreiro e a graça de um artista, Jordan há muito transcendeu o esporte para se tornar um dos ícones mundiais do século 20.

Na quadra, sua quase mítica capacidade de fazer algo espetacular levou o ex-jogador e super-estrela do Los Angeles Lakers, Magic Johnson, a simplesmente dizer: “Existe o Michael, e daí existe todo o resto de nós.”

Fora da quadra, a habilidade de Jordan de alterar o mercado e de conduzir os negócios de seus parceiros de marketing é sem precedente.

Por meio de tudo o que fez, Jordan mostrou ao mundo que a grandeza, a verdadeira grandeza, vem de dentro pra fora. Ele talvez permaneça como o atleta mais dedicado aos treinos da história do esporte: o desejo de melhorar a seu próprio exemplo permanece legendário. Quando os críticos questionaram sua capacidade de jogar em todos os lados da quadra, ele tornou-se o jogador de defesa mais dominante do jogo na sua posição. Quando os times decidiram proteger o garrafão para eliminar suas infiltrações, ele tornou-se um ''jump-shooter'' matador. Larry Bird e Magic Johnson tiveram os times melhor sucedidos nos anos 80. Apesar disso, Larry nunca conseguiu ganhar dois campeonatos seguidos, e Magic ganhou dois seguidos uma vez. Os Bulls ganharam três seguidos – duas vezes.

No “Pelo amor ao Jogo”, Jordan nos guia pelas maravilhas de sua carreira dentro e fora das quadras. Desde o sonho que precedeu o chute que venceria o jogo contra Georgetown nas finais da NCAA de 1982, até a metódica dissecação contra o Utah Jazz antes do chute que venceria o jogo seis das finais de 1998, Jordan abre as cortinas para revelar uma das vidas mais notáveis deste século.

for the love


A estreia de Magic Johnson na NBA
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O primeiro jogo da temporada de 1979-80 também foi o primeiro da carreira de Magic Johnson. Ironia do destino: a partida calhou de ser justamente contra o Los Angeles Clippers. O então moleque de vinte anos já estava ansioso até a tampa antes mesmo do jogo começar, o que aconteceu depois, contudo, foi o que fez ele estourar: a partida foi decidida por um buzzer-beater de Kareem Abdul-Jabbar, que venceu o jogo para os Lakers.

Magic Johnson correu até o companheiro de equipe e o abraçou. Ele pulava, sorria, comemorava e esganava Kareem com seu abraço como se aquele tivesse sido o jogo sete das finais da NBA. Jabbar mais tarde foi falar com o menino: ''Garoto, não faça isso de novo.''

O primeiro jogo da temporada de 1979-80 também foi o primeiro da carreira de Magic Johnson. Ironia do destino: a partida calhou de ser justamente contra o Los Angeles Clippers. O então moleque de vinte anos já estava ansioso até a tampa antes mesmo do jogo começar, o que aconteceu depois, contudo, foi o que fez ele estourar: a partida foi decidida por um buzzer-beater de Kareem Abdul-Jabbar, que venceu o jogo para os Lakers.Magic Johnson correu até o companheiro de equipe e o abraçou. Ele pulava, sorria, comemorava e esganava Kareem com seu abraço como se aquele tivesse sido o jogo sete das finais da NBA. Jabbar mais tarde foi falar com o menino: ''Garoto, não faça isso de novo.''

Publicado por Homens Brancos não Sabem Blogar em Segunda, 18 de janeiro de 2016


Um pouco da história de um dos maiores vencedores da NBA: Robert Horry
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“Aqui estão algumas coisas que eu acredito: Brent Barry é um dos jogadores mais inteligentes que eu já joguei na NBA. Rudy Tomjanovich é o melhor treinador que eu já tive, não Phil Jackson, nem Gregg Popovich. Kobe Bryant foi o jogador mais dedicado que eu já vi. O ‘triângulo’ é um nome chique pras mesmas jogadas que 50% dos times da NBA fazem. Dennis Rodman foi um gênio. Basquete é uma indústria cruel. Vencedores não ficam calados.

Você pode discordar comigo em todos os meus pontos, mas a realidade é que eu vejo o jogo de uma forma diferente do que a maioria dos fãs da NBA. De fato, eu vejo o jogo de forma diferente da maioria dos técnicos da NBA. Mas eu tenho sete títulos da liga, então me escute por um segundo e você talvez aprenda alguma coisa diferente dos clichês que você escuta na TV.

As pessoas sempre me perguntam, ‘Cara, como você meteu todas aquelas bolas? Que frieza.’

Eu não nasci assim. De fato, eu talvez tenha sido um dos únicos jogadores da história da NBA que foi trocado porque não chutava a bola o suficiente. Quando eu fui draftado pelo Houston Rockets em 92, eu estava nas nuvens. Eu iria jogar com o meu ídolo Hakeem Olajuwon. The Dream! Eu não poderia estar mais animado. No primeiro treino, todas as vezes que eu recebia a bola, Hakeem a pedia. O que VOCÊ faria? O cara é uma lenda viva. Imparável no post. Eu passava a bola pra ele, é claro. E eu continuei passando pra ele pelo resto da temporada. Naquele primeiro ano, eu estava feliz só de estar lá. Na temporada seguinte, nós começamos 15-0. Nós empatamos o recorde de vitórias consecutivas com uma vitória sobre o Knicks no Madison Square Garden, a mecca do basquete. A cidade inteira estava tão puta que eles fizeram algo que eu nunca tinha visto na minha carreira. Os funcionários do aeroporto fizeram a gente esperar duas horas no portão – nenhum anúncio, nenhuma atualização, nada. Eles fizeram a gente esperar no aeroporto porque a gente ganhou do Knicks. A gente só conseguiu chegar em Atlanta às cinco da manhã e o Hawks ganhou da gente aquela noite por 25 pontos de diferença.

Depois disso, a gente continuou indo muito bem. Nós não perdemos nossa segunda partida até dois dias antes do Natal contra o Nuggets. Nós estávamos com 22 vitórias e duas derrotas. Eu fui pra nossa festa de natal aquela noite e o Hakeem estava andando sozinho. Ele anda até mim e sinaliza para que eu o siga até a varanda. Nós vamos até a varanda, estava frio, ele me olha e diz, ‘Você se importa se nós ganhamos ou perdemos?’ Eu olho pra ele e digo, ‘Mano, você talvez não entenda isso, mas eu me importo mais do que qualquer outro nesse time. Eu odeio perder.’

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Robert Horry e The Dream em ação

‘Você não demonstra isso, Robert.’ – Este foi um dos momentos mais importantes da minha carreira. Meu ídolo estava me cobrando. Eu poderia ter abaixado a cabeça, mas eu decidi que não. ‘Bem,’ eu disse. ‘Você também não mostra muito suas emoções.’ Dois homens adultos na varanda falando sobre suas emoções. Eu nunca me esquecerei dele rindo: ‘Bom ponto,’ ele disse. ‘Vamos voltar pra dentro.’

Daquele dia em dia em diante, nós nos tornamos grandes amigos. Ele era o tipo de cara que te desafiava mesmo quando você estava no primeiro lugar. Esse é o tipo de coisa que muitos fãs não entendem. Quando um time vence um campeonato, todos imaginam que tudo foi perfeito – que todos os jogadores são amigos e que o técnico é um gênio. A realidade é sempre mais complicada.

Um mês depois daquela festa de natal, eu recebo um telefonema do meu agente dizendo que eu havia sido trocado para o Detroit pelo Sean Elliot. A explicação foi de que o Houston precisava de mais pontos. Estávamos no meio de fevereiro, nevando, frio pra cacete. Eu desci do avião e eu nunca estive tão deprimido na minha vida quanto nos dias seguintes. Matt Bullard estava envolvido naquela troca também, e eu lembro que nós estávamos prontos para começar a jogar quando alguém do Pistons nos disse que o Sean Elliot ainda não havia passado pelos testes físicos do Houston e que nós devíamos esperar como precaução. No dia seguinte, meu agente me ligou e disse, ‘Eles acharam um problema nos rins de Sean. A troca foi cancelada. Você está voltando pra Houston.’

Eu e o Matt fomos pro aeroporto tão rápido que quando a gente chegou no aeroporto a gente fez um rolamento ninja pra fora do carro e já caiu no avião. É capaz do carro estar até hoje rodando pelo centro-oeste. Depois daquele dia, minha mentalidade era, ‘Foda-se, eu vou chutar. Eu vou jogar o meu jogo.’ Nós ganhamos o título aquele ano. E ganhamos de novo no ano seguinte. As pessoas me conhecem como ‘Big Shot Bob’, mas a realidade é que – não fosse por uma emergência médica – eu poderia ter sido conhecido como o cara deprimido de Detroit. Na estrada desse jogo, os caminhos são sinuosos e as bifurcações são muitas.

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Houston Rockets campeão da temporada 94-95

Eu darei outro exemplo. Quando eu fui trocado para o Lakers em 97, Kobe Bryant era apenas um rookie. O cara não conseguia chutar bolas de três. Todo dia após o treino a gente fazia competição de bolas de três. Éramos eu, Kobe, Brian Shaw, Mitch Richmond e Kurt Rambis. O Kobe perdia toda vez. No treino do dia seguinte, é claro, Kobe já estava lá chutando bolas de três. Ao final do treino, ele dizia, ‘Vamos brincar! Eu estou pronto pra vocês.’ E nós ganhávamos de novo. Ele não parava nunca. Era incrível. Ele treinou até que um dia, meses depois, ele finalmente venceu. Se você dissesse, ‘Kobe, eu aposto que você não consegue fazer cinco seguidas com o pé do meio da quadra,’ o filho da puta ia lá e treinava todo dia até conseguir fazer isso. E é isso o que as pessoas não entendem quando elas falam de campeões – quando eles falam sobre a mentalidade do campeão. A dedicação do Kobe ao jogo é surreal. O denominador comum em todo time campeão é a mentalidade que o Kobe tem, e a mentalidade que o Hakeem teve comigo naquela festa de natal. Você tem que ser tão obcecado em vencer que você não descansa, nem mesmo quando você está em primeiro. Nem mesmo quando você já ganhou uma vez.

Kobe Bryant e Robert Horry

Kobe Bryant e Robert Horry

Todas as vezes que eu escuto as pessoas reclamarem que o Kobe grita com seus companheiros de time nos treinos, ou quando elas questionam se LeBron é melhor amigo do resto da equipe, eu viro os olhos. Você sabe quantas conversas eu tive com o Phil Jackson fora da quadra durante todo o meu tempo com o Lakers? Uma. Eu estava sentado no vestiário e ele estava sentado numa mesa na minha frente. ‘O que aconteceu com você e o Danny Ainge em Phoenix?’ ele perguntou. ‘Eu não gostava dele, então eu explodi e joguei uma toalha nele. Eu não lidei com a situação do jeito certo.’ eu disse. ‘Ok.’ ele respondeu. E foi isso. Nós ganhamos três títulos juntos. Vai saber.

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Robert Horry e Phil Jackson nos anos de Lakers

O oposto disso foi a minha relação com o Rudy T. Ele entendia que, mesmo que ele fosse o técnico, nós conseguíamos ver coisas que ele não conseguia ali do banco. Nós podíamos ouvir e sentir coisas dentro da quadra que ele não podia. A primeira coisa que o ‘T’ dizia era, “O que está acontecendo lá fora?” Ele nos perguntava as jogadas que a gente queria fazer para sentir o que a gente estava confortável em fazer. Se nós fazíamos uma jogada e ela funcionava, ‘T’ falava para nós a fazermos de novo. O Phil nem tanto. A mesma coisa com o Pop. Os dois são grandes do seu próprio jeito, mas baseado na minha experiência pessoal, o ‘T’ foi o maior técnico da NBA. Eu sei que ele não tem nem de perto a mesma quantidade de títulos, mas às vezes a gente dá crédito demais às pessoas por conta de títulos.

Com o Phil, a habilidade dele de treinar o Michael Jordan e a maneira que ele conseguiu liderar aqueles times do Bulls são o motivo pelo qual os jogadores o respeitavam tanto. Os título do Phil em Chicago se traduziram em títulos em Los Angeles. Os seus seis anéis foram o que fizeram Shaq treinar tanto e se tornar um dos jogadores mais dominantes na história da liga. No entanto, mesmo sendo tão dominantes quando fomos naqueles três anos, eu sinto que nós poderíamos ter feito mais, não fosse pelos egos e pela complacência. Honestamente, eu saí do Lakers odiando aquele time. Eles me trataram mal. Eu me lembro de ir na reunião depois do título de 2002 e aquele era o ano que eu podia optar por sair do meu contrato. Eu entrei na reunião e todos me abraçaram e me elogiaram.

Eu disse, ‘Eu sei que eu tô ganhando muito dinheiro e que você tão de pau duro pelo Karl Malone.’ Eles queriam o Malone há cinco anos, desde que o Phil tinha chegado lá. Eu sou um cara realista. Me fale a verdade e eu irei te respeitar, só não faça as coisas pelas minhas costas. Eu disse a eles que eu ficaria por 2 milhões, mas eles não estavam interessados. Então eu pedi para que eles me permitissem achar um time antes que o dinheiro acabasse e então para que eles não esperassem até o último dia de trocas para me liberar do meu contrato. Eles disseram, ‘Nós nunca faríamos isso com você.’ Bem, eles não fizeram mesmo. Eles esperaram até o dia seguinte ao último para me liberar. É a isso que os atletas se referem quando eles dizem que o basquete são só negócios. Porra, é verdade, a gente faz uma tonelada de dinheiro pra jogar um jogo bobo de criança. Mas mesmo se você for o herói, mesmo se você mete um dos maiores chutes da história da franquia e vence múltiplos títulos, você pode ser despejado no dia seguinte.

Mais uma vez, este poderia ter sido o fechamento das cortinas pra mim. Por sorte, eu acabei indo pro Spurs e o resto é história. Meu primeiro jogo de volta em Los Angeles contra o Lakers, eles fizeram uma cerimônia antes do jogo para me presentear com uma camisa especial. Todos estavam sorrindo. Fizeram essa cerimônia pra mim e eu tive que parecer feliz. E eu estava feliz pelos fãs, e pelo o que nós alcançamos. Mas se você entende algo sobre mim, entenda isso: eu sou um cara que está constantemente atrás de motivação. É assim que você põe gelo na suas veias. Então eu me lembro de olhar para o pessoal da administração do Lakers e pensar. ‘Cara, o que é de vocês está guardado. Eu vou quebrar o coração de todos vocês.’

Na verdade, eu tive cinco títulos da NBA graças ao Lakers. Três por jogar com o time, e dois por eles terem me mandado embora.” (Robert Horry para a The Players' Tribune)

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Robert Horry têm SETE anéis de campeão da NBA.

 


“No Centro do Jogo” – parte X
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Finalmente chegamos ao nosso último post da série dos melhores pivôs da história do basquete. Deixamos por último, claro, o melhor.

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O menino nasceu para ser grande. O menino, aliás, nasceu grande: 5.73kg e 57cm. Ele cresceu no Harlem, centro da cultura negra norte-americana, e lugar da Smalls Paradise, balada de Wilt Chamberlain. Filho de um pai policial e músico, Alcindor tinha 2.03m com 15 anos e logo se destacou no basquete.

Durante o Ensino médio, ganhou 95 jogos e perdeu 6. Nesse período, chegou a ter uma sequência de vitórias de 71 jogos seguidos e venceu o campeonato municipal em todos os anos em que jogou. Ganhou também o título nacional em 1964. Este talvez seja o melhor time de Ensino Médio da história.

Com 18 anos, já havia ultrapassado os 2.15m e, de 1966 a 1969, jogando pela UCLA, levou o time a 88 vitórias e duas derrotas. Foi, claro, campeão nesses três anos. Era quase uma covardia. A Universidade pela qual ele jogava era muito boa antes mesmo dele entrar pro time. O primeiro jogo da sua carreira, aliás, foi um teste pra ver quão bom ele era. A Universidade resolveu organizar uma partida entre o time oficial (que havia acabado de ganhar duas vezes seguidas o campeonato nacional) e o time de calouros. Os calouros ganharam o jogo por 15 pontos de diferença muito por conta do rapaz que anotou 31 pontos, 21 rebotes e 8 tocos.

Ele era tão dominante, que a NCAA se viu obrigada a proibir a enterrada no campeonato. Simplesmente baniram a enterrada por conta dele. Sem poder enterrar, ele teve que achar uma outra forma de fazer cesta. A organização do campeonato não sabia, mas aquela proibição foi a grande responsável pelo nascimento de uma das armas mais temidas do basquete: o gancho. As enterradas voltaram a ser admitidas na NCAA somente em 1976.

Em 1968, ele participou do 'Jogo do Século'. Não estou falando de uma gravação vintage do Space Jam, estou falando do primeiro jogo de temporada regular da NCAA a ser transmitido em rede nacional. Esta foi a popularização do esporte universitário, a sementinha que gerou o March Madness. O jogo foi entre UCLA Bruins e Houston Cougars e, acredite se quiser, o cara perdeu. Foi uma decepção, claro, mas ele tava jogando com um problema na córnea devido a uma disputa de rebote no jogo anterior. A revanche veio no final da mesma temporada: campeões do universitário contra o próprio Houston. Desta vez, vitória fácil: 101×69 e nosso pivô saudável. Em seu último ano como universitário, pela primeira vez na história, houve a eleição do “Naismith College Player of The Year” e ele ganhou.

Ele foi draftado pelo Milwaukee Bucks em 1969. A essa altura, Bill Russell já tinha se aposentado e Chamberlain ainda estava bem, mas mais velho. Enfim, a hora foi boa. Logo no seu primeiro ano, ele foi o segundo maior cestinha da NBA (atrás de Jerry West) e eleito Rookie do ano. No ano seguinte, os Bucks contratram um reforço de peso: Oscar Robertson. Foi o suficiente para o time de Milwaukee se sagrar campeão daquele ano. Nosso pivô foi o maior pontuador da liga e ganhou o primeiro de seus vários MVPs de temporada regular.

Apesar de nunca ter falado mal dos fans de Milwaukee (diferentemente do que Bill Russell fez com os torcedores do Celtics), ele acabou pedindo pra ser trocado por motivos pessoais e foi pra Los Angeles. Três anos mais tarde, Earvin “Magic” Johnson foi draftado e, com isso, iniciou-se a maior dinastia do basquetebol moderno: a do 'show time'!

Em dez anos, foram 8 finais de conferência e cinco títulos. Em 1989, após vinte temporadas, um dos maiores jogadores que o basquetebol já viu se aposentou.

Na época de sua aposentadoria, ele era líder da NBA em pontos, jogos, minutos jogados, cestas feitas, cestas tentadas, tocos e rebotes defensivos. Até hoje, ele é o maior pontuador da história do basquete com 38,387 pontos. Campeão da NBA seis vezes, maior MVP de temporada da história com seis MVPs, maior aparição em All Star Games da história com dezenove participações, terceiro maior reboteiro da história, atrás dos gigantes Russell e Chamberlain e terceiro com mais tocos da história atrás de Olajuwon e Mutombo (com um pequeno detalhe de que, quando a estatística começou a ser contabilizada, ele já estava na sua quinta temporada e, portanto, é o líder moral desta categoria).

Eleito pela ESPN como o maior jogador da história do basquete universitário e por Pat Riley como o maior jogador de todos os tempos. Tornou-se também ator, historiador, escritor, e embaixador cultural global dos Estados Unidos. Neste instante, senhoras e senhores, é necessário que vocês se levantem de suas cadeiras para ovacionar este sujeito: este é Kareem Abdul-Jabbar, outrora conhecido como Ferdinand Lewis Alcindor Jr., o maior pivô de todos os tempos.

#NoCentroDoJogo

kareem abdul jabar


Confira a lista da camisetas mais vendidas nessa temporada
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Gustavo Battaglia

A NBA divulgou, nessa quarta feira, a lista das camisetas mais vendidas. No topo, podemos encontrar nomes já esperados. Steph Curry é o número 1, seguido por Lebron James, Kobe Bryant e… Kristaps Porzingis?

Ah, espera, nome errado – Kristaps Porzikas!

Com 14 pontos por jogo, Porzinkas é o terceiro em média de pontos, entre os calouros. É também o segundo em rebotes (8,0) e primeiro em tocos (1,95). Mais significante que isso, a quarta escolha do draft de 2015 deu aos torcedores dos Knicks uma rara sensação de esperança em relação a futuro da equipe de Nova Iorque.

Kristaps Porzingis, ou Porzikas.

O ranking de vendas de camisetas é baseado nas vendas da NBAStore.com, de outubro à dezembro de 2015. A liga anunciou também que as vendas de Black Friday e da Cyber Monday foram as maiores da história. Essas duas datas representaram um aumento de 20% em relação às vendas do ano anterior.

A notável temporada de Curry – que culminou no título da NBA e o MVP da temporada regular – alçou-o ao topo da lista de vendas de camisetas, pela primeira vez, passando Lebron James, líder de vendas nos últimos anos. Klay Thompson, companheiro de Steph, está na décima primeira colocação e o Golden State Warriors lidera entre as equipes com mais vendas.

klay e steph

Os produtos da equipe de Curry e Thompson é a mais procurada nas lojas da NBA.

Bryant era o sexto colocado em junho passado, quando a NBA divulgou sua última lista. Porém, a notícia de que esta será sua última temporada, ajudou-o a subir à terceira posição.

Apesar de ter um começo excepcional de temporada (36-6), o Spurs não tem nenhum jogador no top 15, entretanto a equipe de San Antonio está em sexto lugar nas vendas.

Top 15 – Jogadores
1. Stephen Curry, Golden State Warriors
2. LeBron James, Cleveland Cavaliers
3. Kobe Bryant, Los Angeles Lakers
4. Kristaps Porzingis, New York Knicks
5. Kevin Durant, Oklahoma City Thunder
6. Derrick Rose, Chicago Bulls
7. Russell Westbrook, Oklahoma City Thunder
8. Kyrie Irving, Cleveland Cavaliers
9. James Harden, Houston Rockets
10. Jimmy Butler, Chicago Bulls
11. Klay Thompson, Golden State Warriors
12. Paul George, Indiana Pacers
13. Anthony Davis, New Orleans Pelicans
14. Chris Paul, L.A. Clippers
15. Carmelo Anthony, New York Knicks

Top 10 – Equipes
1. Golden State Warriors
2. Chicago Bulls
3. Cleveland Cavaliers
4. Los Angeles Lakers
5. New York Knicks
6. San Antonio Spurs
7. Oklahoma City Thunder
8. Miami Heat
9. Boston Celtics
10. L.A. Clippers


“No Centro do Jogo” – parte IX
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Shaquille O'Neal era um monstro. De costas pra cesta, o resultado era sempre o mesmo: ‘BARBECUE CHICKEN’. Eu explico o porquê da frase: O’Neal dizia que, contra todos os pivôs que ele jogou, ele sabia que conseguiria vencer (salvo, talvez, contra o Tim Duncan, que o próprio Shaq admitiu 'nunca ter conseguido entrar na cabeça'). Ele sabia que, via de regra, na frente dele estava um franguinho, um franguinho no espeto, um 'barbecue chicken'. Em outras palavras, Shaq sabia que, todo mundo que aparecesse pela frente, ele jantaria com farofa.

De fato, no ano do seu draft, 1992, O’Neal já era dominante. Logo nos seus primeiros sete dias de NBA, ele foi nomeado melhor jogador da liga na semana, tornando-se o primeiro atleta rookie da história a alcançar tal feito. Ele fechou sua primeira(!) temporada com médias de 23pts/14reb/3.5blk. Por motivos óbvios, ele foi Rookie do ano e tornou-se o primeiro rookie a ser votado como titular do All-Star Game desde Michael Jordan em 1985. Também naquele ano, ficou claro que sua carreira seria marcada por momentos polêmicos. Ao final da temporada, depois de não ter conseguido ir para os playoffs, Shaq teria dito que “nós precisamos demitir o nosso técnico.” É bom lembrar que isso foi a fala de um calouro. O Orlando Magic, no entanto, aceitou o pedido, demitiu o treinador, e o assistente, Brian Hill, assumiu o cargo.

A segunda temporada de O’Neal começou com a chegada de Anfernee ‘Penny’ Hardaway. Os dois tiveram uma parceria de sucesso, chegando aos playoffs em todos os anos em que atuaram juntos. Eles chegaram até às finais, em 1995, mas foram varridos pelo Houston Rockets de Hakeem Olajuwon. Em 1996, Shaq tornou-se free agent e, mais uma vez, teria dito que o técnico do Orlando precisava ser trocado porque, segundo ele, 'ninguém o respeitava'. Desta vez, contudo, a franquia preferiu manter o técnico. O’Neal fez as malas e foi para o Los Angeles Lakers.

Em Los Angeles, Shaq continuou sendo dominante, mas foi só três anos depois, na virada do milênio, com o amadurecimento de Kobe e, principalmente, a contratação de Phil Jackson, que a sorte do time (e de Shaq) mudou. A verdade é que Shaq precisava de uma figura que o inspirasse a se dedicar. É por isso que ele reclamava tanto de seus técnicos. Quando Phil Jackson — seis títulos no currículo e ex-técnico daqueles lendários times do Bulls — apareceu por ali, O'Neal finalmente arranjou um bom motivo para se dedicar ao máximo. Nessa época, ele treinou como nunca antes na carreira. O resultado veio rápido: o Lakers ganhou três títulos seguidos e O’Neal foi eleito MVP das finais naqueles três anos.

Depois da famosa treta entre Shaq, Kobe e toda a organização do Lakers, O’Neal foi-se embora pra Miami, curtir a vida adoidado ao lado da estrela em ascensão, Dwyane Wade, a quem ele deu o apelido de “Flash”. Em 2006, o Miami trouxe o ex-técnico do Showtime do Lakers (e, portanto, outra figura que inspiraria respeito do Shaq), Pat Riley, e chegou as finais. Depois de uma série bastante polêmica contra o Dallas, com muitos fãs até hoje dizendo que a arbitragem garantiu a vitória do Heat ao marcar todas as faltas do mundo em cima do Wade (ele chutou 97 lances-livres nos seis jogos da série, um recorde), Shaq venceu seu quarto e último título.

Na temporada de 2007-08 ele saiu do Miami e teve breves passagens pelo Phoenix, pelo Cleveland e enfim terminou sua carreira em Boston, depois de ter jogado apenas 37 partidas na temporada de 2010-11.

Shaq fez time demitir técnico e contratar jogador; Shaq distribuía braçadas durante o jogo; Shaq dava entrevistas xingando todo mundo em rede nacional; Shaq, em resumo, é um dos jogadores que mais gerou entretenimento da história!

Foram cinco discos como rapper, doze longas como ator e dois reality-shows. Como atleta, além dos quatro títulos da NBA, e dos 3 MVP das Finais, ele é um dos três jogadores da história (ao lado de Jordan e Willis Reed) a ganhar MVP da temporada, MVP do All-Star Game e MVP das Finais no mesmo ano e um dos dois únicos jogadores da história (ao lado de Lebron James) a ganhar o MVP com apenas um voto de distância da unanimidade (120 de 121 votos foram para o Shaq e o que faltou foi pro Allen Iverson). Ele é também o último cara da história a quebrar uma tabela da NBA e, por isso, nós sempre o admiraremos. As duas mãos agarram o aro, a força da enterrada leva suas duas pernas pra cima, a imagem é clássica, emblemática: um monstro de 2.16m e 150kg, imparável, dominante. Este é Shaquille ‘The Diesel’ O'Neal.

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“No Centro do Jogo” – parte VIII
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Nascido na Nigéria, Akeem era goleiro de futebol. Foi apenas com quinze anos que ele foi convidado para jogar um campeonatozinho de basquete da cidade e teve o primeiro contato com o esporte. A história conta que, nessa época, um técnico na Nigéria pediu para que ele tentasse enterrar a bola. Acontece que Olajuwon não sabia nem como, nem o que era uma enterrada. O treinador então pegou uma cadeira para fazer uma demonstração: subiu na cadeira, enterrou a bola, e na sequência pediu para que Olajuwon tentasse. Ele obedeceu: pegou a bola de basquete, foi pra perto da cesta, subiu na cadeira e de lá a enterrou.

Em 1980, Akeem imigrou para os Estados Unidos, onde passou a jogar pela Universidade de Houston. A princípio, Olajuwon não conseguiu muito tempo de quadra. Após perguntar aos técnicos o que ele devia fazer para conseguir jogar mais, a resposta foi simples: “Você tem que melhorar seu jogo.” Foi então que a administração do time arranjou um jeito do atleta começar a treinar durante o verão com a então estrela do Houston Rockets, Moses Malone.

Na época, Malone era o melhor pivô da liga e ele transformou a carreira de Akeem. Jogando ao lado de atletas como Clyde Drexler, Olajuwon alcançou duas finais da NCAA seguidas e mesmo perdendo as duas, recebeu o troféu de melhor jogador do torneio em 1983. Desde que ele ganhou o prêmio, aliás, nenhum outro atleta de um time que perdeu recebeu essa homenagem.
É incrível imaginar que, cinco anos antes, o mesmo cara tinha pegado uma bola de basquete pela primeira vez.

Em 1984, Akeem Olajuwon foi draftado na primeira posição do Draft pelo Houston Rockets. Ele foi draftado na frente de jogadores como Charles Barkley, John Stockton e de um outro cara menos conhecido chamado Michael Jordan. No Rockets, Olajuwon formou, ao lado de Ralph Sampson (2.24m), as torres gêmeas originais. Logo no seu primeiro ano, ele teve médias de 20pts/12reb/2.7blk.

Na sua segunda temporada, para surpresa geral, ele chegou às finais da NBA depois de vencer com facilidade o Lakers de Magic Johnson e Kareem Abdul-Jabbar por 4 a 1. Nas finais, perdeu em seis jogos para um dos melhores times de todos os tempos, o Boston Celtics de 1986. Já naquele ano, contudo, Olajuwon foi líder de pontos e rebotes dos playoffs.

Dois anos depois, as torre gêmeas se separaram com a saída de Sampson para o Golden State Warriors. Com a responsabilidade do time sobre suas costas, Olajuwon teve uma temporada memorável, fechando o ano com médias de 25pts/13.5reb/3.4blk e, nos playoffs, com incríveis 37.5ppg e 16.8rpg.

Embora os números do agora ‘H’akeem só melhorassem (na temporada seguinte, ele teve médias de 24pts, 14reb e 4.6blk!), o Houston não foi bem até a temporada de 1993-94. Aqui, Olajuwon atingiu um nível inédito na história: ele se tornou o único jogador a ganhar MVP, MVP das Finais e Melhor Jogador de Defesa no mesmo ano. Foi a partir deste momento que, de um jogador respeitável, Hakeem tornou-se “The Dream”. Nessa época, Olajuwon fez atletas como Patrick Ewing e Dikembe Mutombo passarem vergonha. O encontro mais emblemático, no entanto, foi contra David Robinson em 1995.

Veja, Olajuwon tinha acabado de vencer tudo em 1994. Em 1995, ele continuava muito bem, mas quem ganhou o MVP foi David Robinson. Apesar da temporada de Robinson (28pts/11reb/3ast/3blk/3stl) ter sido tão boa quanto a do Olajuwon (28pts/11reb/3.5ast/3.5blk/2stl), muita gente diz que o nigeriano ficou puto de não ter ganhado aquele troféu. Agora, era uma questão de orgulho provar que ele, Hakeem, era o melhor jogador, e não havia situação mais propícia para fazê-lo do que nas finais de conferência de 1995, quando Houston e San Antonio se enfrentaram num clássico texano.

Foi aqui, amigos, que o almirante, o MVP da temporada foi simplesmente dominado, humilhado, escorraçado. As fintas do nigeriano, a batida de bola, o giro, era como se tudo fosse mesmo um sonho: um rapaz de 2.13m com toda a classe de um armador, humilhando o MVP da temporada. Hakeem terminou aquela série com médias de 35pts/12reb/4blk/5ast por jogo, uma das maiores performances de playoffs de um pivô na história, se não a maior, e venceu a série por 4 a 2.

Só pra deixar claro quem é que mandava ali, nas finais do mesmo ano, o Houston encontrou com o Orlando Magic e Olajuwon pontuou mais que o jovem Shaquille O’Neal em todas as partidas do confronto, que, infelizmente, foram só quatro porque o Rockets varreu o Magic.

Hakeem é um dos quatro jogadores da história a marcar um quadruplo-duplo num jogo com 18 pontos, 16 rebotes, 10 assistências e 10 tocos. Ele foi duas vezes campeão da NBA. Nas duas, MVP das finais. Ele é um dos jogadores mais clutch da história da liga: todas as suas médias, em absolutamente todos os comparativos, são melhores nos playoffs do que na temporada regular. Doze vezes escolhido para os melhores time da NBA e nove vezes para os melhores times defensivos, ele encerrou sua carreira estando entre os dez melhores da história da NBA em tocos, pontos, rebotes e roubadas de bola. Este é o eterno camisa 34 do Houston Rockets: Hakeem Abdul “The Dream” Olajuwon.

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“No Centro do Jogo” – parte VII
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Homens Brancos Não Sabem Blogar

Porque o pai trabalhava na Marinha, David ‘O Almirante’ Robinson nunca morou muito tempo na mesma cidade. Foi só após a aposentadoria do Sr. Robinson que eles conseguiram permanecer na pacata Woodbridge, na Virginia. Com 16 anos, o jovem David não jogava basquete pela sua escola. Ele nunca havia jogado antes e tinha apenas 1.75m, afinal de contas. Imagine qual não foi a surpresa do técnico quando, no ano seguinte, o mesmo rapaz apareceu no colégio com 1.98m. Robinson entrou pro time, competiu pela sua escola no seu último ano de ensino médio e, depois de formado, resolveu seguir os passos do pai e foi para Academia Naval dos Estados Unidos onde estudou matemática.

Ao entrar em quadra para o seu primeiro jogo pela equipe de basquete da Marinha, David Robinson já estava com 2.06m. Ele continuou crescendo até o seu último ano, quando atingiu incríveis 2.13m. Em 1987, o rapaz que nunca havia disputado uma competição de basquete até cinco anos antes foi selecionado na primeira posição do draft pelo San Antonio Spurs.

Foi só dois anos depois, contudo, em 1989, que David Robinson cumpriu seus compromissos com a Marinha e pôde começar a jogar na NBA. Nessa época, o San Antonio Spurs era um lixo (sim, o Spurs já foi um lixo). Os caras tinham acabado de passar pela então pior temporada da história da franquia, com 21 vitórias e 61 derrotas. A chegada de Robinson no Texas, no entanto, fez toda a diferença. Depois do primeiro ano dele lá, a franquia fechou com 56 vitórias e 26 derrotas; 35 vitórias de diferença, na época, a maior reviravolta da história da NBA. Sem surpreender ninguém, o Almirante foi eleito o rookie do ano e dois anos depois, em sua terceira temporada na NBA, ele foi convocado para a maior equipe da história dos esportes coletivos, o Dream Team.

A carreira do cara era um sucesso absoluto. Ele revolucionou a franquia e o Spurs foi para os playoffs por 8 anos seguidos. Tudo ia muito bem, até que chegou 1997. Robinson machucou as costas ainda na pré-temporada e só conseguiu voltar em Dezembro. Seis jogos depois de voltar, ele quebrou o pé e ficou fora pelo resto do campeonato. Com o Almirante fora, o Spurs voltou a ser um dos piores times da liga e terminou a temporada com 20 vitórias e 62 derrotas (perceba o quanto que a equipe dependia dele). O que ninguém imaginava é que isso iria acabar por ser uma grande bênção. O San Antonio ganhou a loteria do draft daquele ano e selecionou Tim Duncan, a peça que faltava pro título de David Robinson, que veio dois anos depois.

Depois do draft do Duncan, a equipe texana tornou-se uma das melhores da NBA e continua assim até hoje. Eles nunca mais tiveram uma temporada com menos de 50 vitórias (salvo na temporada de 99, porque houve uma greve e a temporada teve apenas 50 partidas) e nunca mais deixaram de ir para os playoffs.

A última partida da carreira do Almirante foi no dia 15 de junho de 2003, um dia feliz para se aposentar, já que foi o mesmo dia em que ele se tornou bi-campeão da NBA (pense num cara que sabe sair por cima).

David Robinson foi o único jogador a liderar uma temporada da NBA em pontos, rebotes e tocos. Ele também é um dos quatro jogadores da história a conseguir um quadruple-double em um jogo. 34 pontos, 10 rebotes, 10 assistências e 10 tocos, contra o Detroit Pistons, em 17 de fevereiro de 1994. Além dos dois títulos da NBA, ele teve 10 participações no All-Star Game, foi selecionado 10x para o All-NBA Teams, e mais 8x para os times de defesa. Ele foi MVP, Jogador de Defesa do Ano, Rookie do ano e um dos cinco jogadores da história a ter anotado mais de 70 pontos em uma partida (71 contra o Clippers, em 24 de abril de 1994).

Senhoras e senhores, este é David Robinson, o almirante, eternizado com a camisa 50 do San Antonio Spurs, e também com a camisa 50 do time de basquete das forças navais dos EUA.

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