Homens Brancos Não Sabem Blogar

Arquivo : patrick ewing

“Pelo amor ao Jogo”, parte 6
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“Patrick Ewing e eu sempre brincamos sobre isso, mas ele nunca conseguiu superar aquela derrota na final da NCAA de 1982. Ele tentou, mas ele nunca conseguiu jogar muito bem contra mim. Ele nunca venceu uma série de playoffs contra mim, também. Ele deve ter ganhado alguns jogos durante a temporada regular, mas quando o jogo era importante o Patrick nunca passou por mim. É da mesma forma com Charles Barkley, Karl Malone, e John Stockton também. Eles eram todos meus rivais enquanto eu jogava, da mesma forma que Magic Johnson e Larry Bird eram os caras que eu estava tentando vencer no começo da minha carreira. Eu tenho pena deles? Não. Eu nunca poderia ter dó deles porque isso seria mostrar que eu perdi um pouco da vantagem que tinha sobre eles. Patrick e eu sempre falamos sobre como nossas carreiras se encontraram no passar dos anos. Mas não há nada a não ser amor entre nós dois. Ele é um ótimo amigo. Ele me ligou e perguntou sobre os meus planos. E eu disse a ele que eu iria me aposentar. Então ele disse: ‘Você não pode se aposentar. Você tem que voltar. Eu tenho que ganhar de você.’ Talvez numa partida de golf.” (Michael Jordan)


“No Centro do Jogo” – parte V
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Nascido na Jamaica, Patrick Ewing mudou-se para os Estados Unidos com 12 anos. De família pobre, ele conseguiu finalizar os estudos e ingressar numa faculdade graças a um programa federal de bolsas.

Em 1980, Ewing viajou para Carolina do Norte para ingressar na University of North Carolina (UNC), onde atuaria ao lado de Sam Perkins, James Worthy e Michael Jordan. Depois de uma visita ao campus, contudo, presenciou uma manifestação a favor da Ku Klux Klan e desistiu de ir morar na cidade.

Ewing foi para a Universidade de Georgetown, atuou como titular desde o primeiro jogo e levou o Georgetown Hoyas à final do torneio. Na final, encontrou justamente a UNC. Com pouco mais de 30 segundos para o término da partida, Georgetown estava vencendo por um, mas a posse era de North Carolina. O também rookie Michael Jordan meteu uma bola faltando 15 segundos para o término do confronto e a UNC passou um ponto a frente do placar. Os Hoyas ainda tinham tempo para uma última tentativa, mas o armador Freddy Brown cometeu um turnover horrível ao passar a bola pra James Worthy, ala do time adversário. Georgetown perdeu e Ewing estreiou o que seria uma longa história de derrotas para MJ.

Dos quatro anos que jogou pelos Hoyas, Pat levou o time às finas três vezes e venceu uma, em 1984. Apesar de não ter ido para a Carolina do Norte para fugir do racismo, Ewing acabou sendo discriminado em Georgetown. Mais de uma vez, espectadores jogaram objetos e alimentos no jogador durante uma partida.

Pat foi a primeira escolha do draft de 1985, selecionado pelo New York Knicks. A cidade estava eufórica. Pela primeira vez desde o começo da década de 70, os fãs sentiam que o Knicks tinha futuro. Pat O’Brien, narrador da CBS, chegou a dizer que “Houve a era do Mikan, a era do Bill Russell, a era do Kareem. Agora, teremos a era do Ewing.”

Em seu primeiro ano, Pat foi rookie do ano e teve 20 pontos, 9 rebotes e 2 tocos por jogo. Em 1992, o Knicks encontrou com o Chicago nas semi-finais de conferência. A série foi até o jogo sete, mas – bem – era contra o time do Michael Jordan e o Jordan não sabe perder pro Ewing. No ano seguinte, 1993, contudo, parecia que Pat teria sua revanche. Nova York tinha tido a melhor campanha da conferência leste (60-22) e abriu 2 a 0 nas finais de conferência contra o Bulls. O que aconteceu a seguir? O Chicago ganhou quatro partidas seguidas e fechou a série.

Mas no ano seguinte tinha que ser a hora dele! Jordan havia aposentado, agora era a hora. E parecia que seria mesmo. Pela primeira vez desde 1973, o Knicks voltou às Finais. O caminho até lá, no entanto, foi dos mais difíceis. Na semi-final de conferência, ele venceu o Bulls de Scottie Pippen em sete jogos de muita rivalidade. Na sequência, enfrentou o Indiana de Reggie Miller, e venceu também em sete jogos. Nas Finais contra o Rockets, o equilíbrio permaneceu: sete jogos acirradíssimos, nos quais nenhum time venceu por mais de 10 pontos de diferença. Apesar de grandes atuações de Ewing (na época, ele estabeleceu o recorde de tocos em Finais e o recorde de tocos num mesmo jogo de Finais), o Houston de Hakeem Olajuwon foi campeão.

O Knicks continuou chegando aos playoffs nos anos seguintes, mas o resultado foi basicamente o mesmo. Na sua última temporada na equipe (99-2000), Ewing jogou sua milésima partida pelo time e encerrou sua carreira com 1039 jogos pela franquia (o único a ter participado de mais de 1000 confrontos pelo Knicks).

Ele ainda jogou uma temporada pelo SuperSonics e uma pelo Magic, e então se aposentou. 11x All-Star, 7x All-NBA Teams, integrante do Dream Team, Hall of Famer, eleito um dos 50 melhores jogadores da história pela NBA, mais de 24mil pontos e 11mil rebotes na carreira, este é Patrick Ewing.

Uma lenda, sem dúvida, e uma vítima da década de ouro da NBA. Tivesse jogado em outra época, Pat teria mais chances de ganhar um título e estaria noutra posição neste ranking.

#NoCentroDoJogo

patrick ewing


Assistência Cultural – Dream Team
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Gustavo Battaglia

O basquete está presente nas vidas de muita gente diferente ao redor do mundo. De garotos da periferia de Chicago, passando por atletas em plena guerra civil nos Balcãs, até as efervescentes ruas de Barcelona, o esporte testemunhou e foi protagonista de muita história boa. A “Assistência Cultural” é o jeito que a gente achou pra manter essas histórias vivas: documentários, livros, contos e causos estarão por aqui toda semana. Fique ligado e, claro, fique à vontade para nos enviar sua sugestão!

Em nosso post de estréia vamos falar sobre um dos melhores documentários de basquete já feito, The Dream Team.

Dream Team

Michael Jordan, Larry Bird, Magic Johnson, Cris Mullin, Clyde Drexler e John Stockton. Scottie Pipen, Cristian Laetner, Patrick Ewing, Chuck Daily, David Robinson, Karl Malone e Charles Barkley.

Em 2012, a NBA TV lançou o filme para celebrar o vigésimo aniversário da seleção olímpica americana que competiu nos jogos de Barcelona, equipe que é considerada por muitos o melhor grupo de todos os tempos em todos esportes.

O doc mostra os detalhes da escolha dos jogadores e a rivalidade existente entre eles. É possível notar também quão icônico esse grupo de atletas era na época. Dos doze jogadores da equipe, somente um não entrou no hall da fama da NBA, Cristian Laetner.

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Narrado por Edward Burns, o filme tem pouco mais de uma hora e mostra pérolas da relação entre alguns dos melhores jogadores de basquete da história.

Uma delas, talvez a melhor de todas, fala sobre a passagem de bastão de Magic Johnson e Larry Bird para Michael Jordan.

O documentário fala também sobre como foram os primeiros treinos da equipe, o torneio classificatório para os jogos e sobre a fase de treinamentos em Montecarlo.

Outra história interessante é a do jogo semifinal contra a Croácia, onde Jordan e Pipen decidem mostrar toda a sua insatisfação com a contratação de Toni Kukoc pelo General Manager dos Bulls, Jerry Krause.

Tá bom, não vamos ficar aqui contando toda as história pra você…

Quer assistir o doc inteiro? Prepara a pipoca e clique aqui.

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O “assassinato” de Patrick Ewing
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André Cavalieri

1994. Chicago Bulls vs New York Knicks. Semi-final de conferência. Jogo seis. Scottie Pippen assassina Patrick Ewing.

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Com a saída de Michael Jordan da NBA, Scottie Pippen assumiu a responsabilidade de liderar o Chicago Bulls. As coisas iam bem. Depois de uma temporada de 55 vitórias e uma varrida sobre o Cleveland no primeiro round dos playoffs, era hora de enfrentar um velho conhecido: o New York Knicks. Com Jordan em quadra, o Bulls nunca havia perdido uma série de playoffs para o time de Patrick Ewing. Sem o Jordan, tudo parecia que continuaria igual. No jogo cinco, os dois times estavam cada qual com duas vitórias. Com três segundos para o término do jogo, Chicago liderava por um ponto e Hubert Davis, do Knicks, acabava de errar o último arremesso do time na partida. A vitória seria do Bulls e eles voltariam para Chicago com a oportunidade de fechar a série. Isto, contudo, nunca aconteceu.

Hubert Davis errou o arremesso, é verdade, mas foi aí que ouviu-se o apito. Atrasado. Inconveniente. Injusto. A bola bate no fundo do aro, sobe e, ao subir, soa o apito. O árbitro Hue Hollins aponta para Scottie Pippen: falta. Ninguém acredita. Até mesmo Phil Jackson perde a compostura. Os dois lances-livres caem. Knicks vence o jogo. Logo Scottie Pippen? O cara havia terminado em terceiro na disputa pelo MVP daquela temporada (atrás do vencedor, Olajuwon, e do vice, David Robinson). Ele estava levando o time até ali. Ele era um defensor impecável, todos sabiam disso. Justamente este cara iria fazer uma falta naquele momento do jogo? Não podia ser.

Foi com um gosto amargo na boca que o time de Chicago entrou pro jogo seis. Agora, era vencer ou ir pra casa. Todos sabiam disso. Scottie Pippen, especialmente, sabia disso.

Os Bulls não ficaram atrás em nenhum momento daquele jogo. No segundo tempo, a maior diferença da partida, 17 pontos, viria por meio da posterização mais emblemática da história dos playoffs.

Scottie Pippen recebe a bola na lateral do garrafão, dá um passo, une os dois pés e salta. No meio do caminho, encontra com – quem mais? – Patrick Ewing. Pippen, mesmo menor e muito mais leve, enterra a bola sobre Ewing. O pivô aterrissa desequilibrado e tenta se segurar no jogador do Bulls. Scottie empurra sua mão e Ewing cai no chão. Ewing cai no chão e Scottie Pippen caminha sobre o corpo do pivô. Passa por sobre a cabeça de Ewing e então vai em direção a Spike Lee. Lee, de pé na lateral da quadra, grita e gesticula inconformado. Pippen caminha até ele e diz: “Sente-se, Spike.”

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Os fans pulam, comemoram, gritam e seus gritos alcançam a altura que Scottie saltou para dar aquela enterrada. Aquilo era história, todos sabiam. O Bulls perderia aquela série dois dias depois. Mas isso já não importava. Em plena Copa do Mundo de Futebol nos EUA, um fan segurava o cartaz: “Basquete, não futebol”. Naquele momento, não havia uma alma capaz de discordar.


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