Agora imagine você um desses infelizes de verde.
Homens Brancos Não Sabem Blogar
Semana passada na Euroliga. Panathinaikos contra Red Star de Belgrado. Um verdadeiro show da torcida. Animal! Imagine você no lugar de um desses infelizes de verde.
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Semana passada na Euroliga. Panathinaikos contra Red Star de Belgrado. Um verdadeiro show da torcida. Animal! Imagine você no lugar de um desses infelizes de verde.
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Era o último jogo do ano. A Escola de Franklin estava jogando contra o Colégio Nashville. O menino de 19 anos acompanhava atentamente a partida da lateral da quadra. Mais uma cesta aconteceu e seus olhos, levemente puxados, brilharam: seu time estava ganhando! Quando o técnico pediu para que ele pegasse um uniforme, o menino atendeu o pedido prontamente. Ele estava acostumado com aqueles uniformes; era ele quem os organizava. Era ele, de fato, que cuidava de quase tudo ali. Cuidava das bolas, acompanhava os treinos, ia buscar água, torcia por cada um daquele time.
Robert Lewis esticou o braço para entregar o uniforme para o treinador e recebeu de volta um sorriso: “É para você, Bob. Vista-se.” Robert mal conseguiu se conter. Ele iria jogar mesmo? De verdade? Pela primeira vez depois de tanto tempo…
A situação era perfeita. Seu irmão jogava no time adversário. Talvez ele até pudesse marcá-lo. Bob se vestiu e entrou em quadra. É difícil lembrar dos detalhes. A euforia era tanta que tudo pareceu passar rápido demais. Os últimos segundos, no entanto, estão gravados na memória. A bola estava em suas mãos. O jogo estava empatado. Bob olhou pra frente e viu seu irmão. Para além do seu irmão, a cesta. A bola deixou suas mãos e a rede a acolheu como a uma velha amiga. O ginásio explodiu em vivas. A torcida dele vibrava, a torcida adversária também. Naquele momento nada mais importava. Era uma cesta deles todos. Seu irmão sorriu e acarinhou suas costas. O jogo terminou e as pessoas não quiseram se conter. Correram para a quadra e Robert foi erguido por mãos, ombros e gritos de alegria.
Foi o primeiro jogo de basquete da história em que ambas as equipes venceram a partida. Bob sorriu porque ele sabia disso.
Era o último jogo do ano. A Escola de Franklin estava jogando contra o Colégio Nashville. O menino de 19 anos acompanhava atentamente a partida da lateral da quadra. Mais uma cesta aconteceu e seus olhos, levemente puxados, brilharam: seu time estava ganhando! Quando o técnico pediu para que ele pegasse um uniforme, o menino atendeu o pedido prontamente. Ele estava acostumado com aqueles uniformes; era ele quem os organizava. Era ele, de fato, que cuidava de quase tudo ali. Cuidava das bolas, acompanhava os treinos, ia buscar água, torcia por cada um daquele time.Robert Lewis esticou o braço para entregar o uniforme para o treinador e recebeu de volta um sorriso: “É para você, Bob. Vista-se.” Robert mal conseguiu se conter. Ele iria jogar mesmo? De verdade? Pela primeira vez depois de tanto tempo…A situação era perfeita. Seu irmão jogava no time adversário. Talvez ele até pudesse marcá-lo. Bob se vestiu e entrou em quadra. É difícil lembrar dos detalhes. A euforia era tanta que tudo pareceu passar rápido demais. Os últimos segundos, no entanto, estão gravados na memória. A bola estava em suas mãos. O jogo estava empatado. Bob olhou pra frente e viu seu irmão. Para além do seu irmão, a cesta. A bola deixou suas mãos e a rede a acolheu como a uma velha amiga. O ginásio explodiu em vivas. A torcida dele vibrava, a torcida adversária também. Naquele momento nada mais importava. Era uma cesta deles todos. Seu irmão sorriu e acarinhou suas costas. O jogo terminou e as pessoas não quiseram se conter. Correram para a quadra e Robert foi erguido por mãos, ombros e gritos de alegria.Foi o primeiro jogo de basquete da história em que ambas as equipes venceram a partida. Bob sorriu porque ele sabia disso.
Publicado por Homens Brancos não Sabem Blogar em Sábado, 13 de fevereiro de 2016
André Cavalieri
A primeira entrevista oficial do Huertas como jogador do Los Angeles Lakers está aqui e, como a gente é muito gente boa, legendada! E o Marcelinho falou benzaço: humilde, inglês justíssimo, levantou a bola do D’Angelo Russell, puxou o saco do Kobe Bryant, o cara já tá brilhando!
André Cavalieri
Em 1991, nascia um Iugoslavo chamado Nikola Mirotić. O bebê nascia num momento complicadíssimo. No começo dos anos 90, a Iugoslávia passou por momentos de extrema tensão: boa parte das seis repúblicas que formavam o país entrariam em conflito nesse período. Em 1990, especificamente, o nacionalismo Croata nunca tinha sido maior. Os croatas tentaram se separar da Iugoslávia e o resultado foi uma guerra de quatro anos e aproximadamente vinte mil mortos. Muito sangue foi derramado na região dos Bálcãs.
Foi nesse contexto que a Iugoslávia ganhou o Mundial de Basquete de 1990. A criança – futura jogadora de basquete – não sabia, mas, naquele momento, um ano antes de seu nascimento, dois dos maiores jogadores de basquete da história de seu país, Vlade Divac e Dražen Petrović, deixavam de ser irmãos.
O que aconteceu foi que, durante a comemoração da equipe, um fã entrou na quadra segurando a bandeira Croata. Nem todos do time da Iugoslávia viram aquilo com bons olhos, mas foi Vlade Divac que não aceitou a intromissão. Ele foi até o torcedor e arrancou a bandeira de suas mãos. Esse gestou bastou: ao voltar para a Iugoslávia, Vlade Divac era o inimigo número um dos Croatas. Inclusive de Dražen Petrović. Com a morte de Petrović num trágico acidente de carro em 1993, os dois atletas nunca tiveram a chance de retomar a amizade. Essa história é contada em detalhes no excelente documentário “Once Brothers”, que vale ser visto.
Vinte e cinco anos depois, mais especificamente ontem, depois que a Espanha perdeu para a Itália num jogaço do Eurobasket (tá rolando!), o bebê Mirotić – agora já crescido e naturalizado espanhol – agarrou e rasgou a bandeira sérvia das mãos de um fã. Imediatamente depois, ele veio à público pedir profundas desculpas pelo acontecido. Mal sabe ele que, pedidos de desculpas ou não, um ato parecido foi emblemático para uma guerra que tirou a vida de dezenas de milhares de pessoas anos antes. Seja como for, pode ser que Dražen, da onde estiver, tenha tirado uma onda com Vlade Divac: dessa vez, a vítima foi a bandeira do amigo.
André Cavalieri
Hoje, Magic Johnson completa 56 anos. Pra comemorar a data, a gente relembra do dia em que ele visitou o Rio de Janeiro, vinte anos atrás, e encontrou o Rei Pelé.
Em 1995, as areias de Copacabana sediaram o “Festival Olímpico de Verão”, promovido pelo Comitê Olímpico do Brasil. O vídeo, da Band, é narrado por José Luís Datena(!).
O registro completo deste evento você pode achar aqui. Abaixo, segue uma matéria da Folha de S. Paulo sobre o saudoso dia 5 de fevereiro de 1995:
“Ontem, o ministro dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, assistiu na arena olímpica de Copacabana a final do torneio Beach Basketball. Pelé chegou à arena três minutos após o início do jogo. O locutor anunciou a presença do ministro pelo alto-falante. Imediatamente, o jogador norte-americano Magic Johnson virou-se para a tribuna de honra, onde estava o ministro, e se inclinou para a frente, num gesto de reverência.
Pelé deu de presente a Johnson uma bola de futebol. O norte- americano retribuiu dando ao ministro uma bola de basquete. Ambas autografadas. Na saída, Pelé afirmou que é um antigo fã de Johnson: ‘Quando joguei nos EUA, comecei a acompanhar basquete. Dentro dessa modalidade, Magic é um predestinado. É o maior jogador de basquete de todos os tempos’, disse.
Pelé falou também sobre a Aids. Johnson é portador do vírus HIV. ‘Como católico, acredito que é uma mensagem que Deus nos deu através dele. Um ser humano como Magic faz com que a gente se conscientize para essa doença’, disse.”
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André Cavalieri
Os caras da Nike haviam se reunido nos bosques de Oregon para uma reunião fora do escritório. Eles imaginavam que uma mudança de cenário poderia ser boa para eles enquanto traçavam um caminho caro e ousado no basquete profissional.
Phil Knight estava lá. Também estavam seu braço direito, Rob Strasser; o advogado Howard Shguser; o designer Peter Moore, entre alguns outros funcionários. Naquela época, nenhum deles sabia muito sobre o rapaz magro da Carolina do Norte chamado Michael Jordan. Eles certamente não poderiam imaginar o que ele um dia significaria para a Nike.
Tudo começou naquele dia de janeiro de 1984. Knight havia fundado a Nike no começo dos anos 1970 para produzir tênis de corrida. Até aquele momento, suas incursões no basquete profissional haviam sido mal sucedidas. Agora, a Nike queria tentar de novo. Em 1979, Knight havia se encontrado com John Paul “Sonny” Vaccaro, um expert em basquete que lançou uma ideia inovadora: a companhia iria assinar contratos de apoio com treinadores universitários que – em troca – poderiam transformar seus jogadores em meninos propaganda da marca.
No primeiro momento, ninguém sequer sabia se isto era legal, e muito menos se as Universidades permitiriam a iniciativa. Cinco anos depois, todavia, enquanto a equipe se reunia no interior de Oregon, a Nike já dominava boa parte do esporte universitário. De um dia pro outro, Vaccaro havia fechado acordos de Georgetown até a Universidade de Nevada.
“Eu fiquei encantado com Sonny,” Knight disse. “Depois daquilo, nós demos a ele todo o espaço que ele queria.” Com a iniciativa universitária tendo sido tão bem sucedida, Knight sabia que o dinheiro de verdade viria do basquete profissional, onde Larry Bird e Magic Johnson tinham disparado a popularidade da liga. Os dois jogadores, no entanto, usavam Converse.
Os homens naquela reunião estavam todos seguindo o velho método da Nike de pensar em soluções pouco ortodoxas. Com grande parte dos grandes jogadores da NBA já contratados pela Converse, os funcionários da Nike pensaram que eles deveriam apostar em um calouro, uma cara nova para a liga. Ainda mais ousado que isto, a Nike estava considerando criar um par de tênis exclusivos do jogador, e depois vender não só um calçado, mas um pacote inteiro de performance e personalidade.
O draft daquele ano tinha um bom número de escolhas promissoras. Akeem Olajuwon havia jogado em três Final Fours da NCAA e seria escolhido na primeira posição. Charles Barkley ostentava uma personalidade enorme. John Stockton era uma possível estrela branca. Algumas pessoas imaginaram se não seria melhor assinar contratos menores com todos eles, de forma a diminuir um pouco o risco desta empreitada do tênis-assinatura.
Então o braço direito de Knight, Rob Strasser olhou para Vaccaro – o homem cujos instintos compensavam sua falta de ensino formal – e perguntou a ele que jogador ele preferia. “O garoto da Carolina do Norte,” disse Vaccaro.
Jordan estava no radar de todos, mas será que Sonny tinha realmente certeza? Ele havia metido a bola do campeonato em 1982 para a Carolina do Norte, é verdade, mas ele nunca mais tinha aparecido num Final Four pelo resto de sua carreira universitária. E ele nem fazia tanto ponto assim – anos mais tarde, surgiu a brincadeira de que, por conta de seu estilo conservador, o técnico da Carolina do Norte, Dean Smith, era o único homem que conseguia segurar Jordan com menos de 20 pontos num jogo. E Jordan, era bom lembrar, seria somente a terceira escolha do draft. Não seria melhor apostar na primeira escolha?
Mais que isso, Jordan ainda não havia tido a chance de mostrar sua personalidade. O programa da Carolina do Norte mantinha seus jogadores sob sigilo. Ele não era nenhum Barkley. Ninguém conhecia Jordan direito. E a Carolina do Norte era uma universidade da Converse; a Nike não tinha nem como entrar lá. Até mesmo Vaccaro nunca havia conversado com Jordan, uma raridade, tendo em vista que ele havia conhecido quase todos os grandes jovens jogadores depois de organizar o “Dapper Dan Roundball Classic”, o primeiro jogo all-star nacional para garotos do ensino médio. Michael Jordan, que evoluiu seu jogo mais pro final do ensino médio, não havia sido convidado para este evento.
Havia ainda outras preocupações. Em 1984, não havia ainda muitos negros famosos nos Estados Unidos. Michael Jackson estava apenas começando sua ascensão ao estrelato. A ideia de ter um jovem negro vendendo tênis personalizados para a América branca era absurda. Quem dirá um jovem negro que ninguém sequer conhecia.
Então Rob Strasser inclinou-se e olhou severa e longamente para Vaccaro. “Sonny, se você tem tanta certeza sobre Michael Jordan, você estaria disposto a apostar seu trabalho nisto?” Vaccaro não hesitou. “Sim,” ele disse, sem mencionar que o salário que ele recebia da Nike não era grande coisa. A partir dali, a decisão estava feita.
Por que Vaccaro estava tão convencido sobre Jordan? Nem ele sabe dizer: “Eu apenas sabia que ele seria o cara.” Dois anos antes disso, Vaccaro havia visto Jordan enquanto ele calmamente metia a bola do campeonato nacional no último segundo. Aquele chute era notável não só porque Jordan o havia acertado, mas também porque Dean Smith havia confiado num calouro para arremessar aquela bola, deixando de lado seus bons veteranos, James Worthy e Sam Perkins.
Também havia o fato de que Jordan tinha um jogo que era sedutor para jovens atletas. As crianças sonhavam em ser alas que infiltravam e não pivôs. E ele também tinha aquele sorriso enorme enquanto jogava. Ele parecia um cara simpático.
De qualquer forma, Vaccaro estava certo. Anos mais tarde, aliás, ele foi o cara que colocou a Adidas no jogo quando apostou num jovem confiante chamado Kobe Bryant, e também quando fechou um contrato com uma escola católica de ensino médio de Ohio, que tinha um adolescente de 15 anos chamado LeBron James. Como se vê, Vaccaro não teve apenas um dia de sorte quando ele escolheu Jordan.
Vaccaro encontrou-se com Jordan seis meses após aquela reunião; eles almoçaram juntos depois de um treino para as Olimpíadas. Algumas semanas depois disso, Rob Strasser encontrou com o jovem em Beverly Hills. Finalmente, Jordan e seus pais viajaram para Oregon, onde Knight organizou uma pequena guerra entre empresas. Estavam lá Reebok, Adidas e Nike. Esta última finalmente fechou negócio: US$500 mil e um pedaço dos lucros para Michael Jordan.
No começo de 1985, um tênis foi desenhado. Ele era um pouco desajeitado e nada ortodoxo, com as cores preta e vermelho do Chicago Bulls de Jordan. Foi um sucesso quase imediato, impulsionado pelo estilo de jogo aéreo de Michael Jordan (ele e Dominique Wilkins haviam travado uma batalha memorável na competição de enterradas do All-Star Weekend). Naquele mesmo ano, o comissário da NBA, David Stern, deu à Nike puro ouro quando baniu os tênis da NBA por não obedecer aos esquemas de cor impostos pela liga. “Eu sabia que estávamos em algo enorme quando David Stern o proibiu de usar os sapatos,” disse Vaccaro.
As vendas dispararam. Certo dia, Jack Joyce, então responsável pela produção da Nike, estava tão sobrecarregado por pedidos relacionados a Michael Jordan que jogou as mãos pra cima e gritou, “Vamos fazer tudo preto e vermelho e vender tudo!”
Foi mais ou menos isso mesmo que a Nike fez. A demanda crescia tão rapidamente que em um certo momento houve uma corrida pela oferta mundial de fio da cor vermelha. O crescimento nunca desacelerou. Em 1984, a receita total da Nike era de cerca de US$900 milhões. Em 1997, quando Jordan estava ganhando o quinto dos seus seis títulos, a receita havia batido US$9.19 bilhões.
As vendas do tênis de Michael continuam ainda hoje. 28 novos tênis do atleta foram feitos e Jordan é agora a sua própria marca dentro da Nike. O logotipo “Jumpman” e todos os comerciais dos quais ele participou são icônicos. A nação ter adotado uma campanha publicitária com um homem negro como protagonista ajudou a abrir incontáveis oportunidades corporativas para atletas e artistas negros.
“Ele é o garoto-propaganda mais influente que existirá,” afirma Vaccaro. E tudo começou com uma grande aposta no interior de Oregon.
(Este texto foi traduzido e adaptado do texto original publicado pelo SevenSport, do Yahoo: What Michael Jordan Did for Nike.)
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Gustavo Battaglia
Existem vários termos da linguagem basquetebolística americana que não são fáceis de traduzir para outras línguas. O professor Dante de Rose escreveu dois artigos pra tentar facilitar um pouco nossa vida.
Mas, em alguns casos, não basta entender o significado literal deles. As vezes, é preciso ter uma informação visual para ilustrar melhor.
Então, aí vai a explicação do que é body control.
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André Cavalieri
1994. Chicago Bulls vs New York Knicks. Semi-final de conferência. Jogo seis. Scottie Pippen assassina Patrick Ewing.
Com a saída de Michael Jordan da NBA, Scottie Pippen assumiu a responsabilidade de liderar o Chicago Bulls. As coisas iam bem. Depois de uma temporada de 55 vitórias e uma varrida sobre o Cleveland no primeiro round dos playoffs, era hora de enfrentar um velho conhecido: o New York Knicks. Com Jordan em quadra, o Bulls nunca havia perdido uma série de playoffs para o time de Patrick Ewing. Sem o Jordan, tudo parecia que continuaria igual. No jogo cinco, os dois times estavam cada qual com duas vitórias. Com três segundos para o término do jogo, Chicago liderava por um ponto e Hubert Davis, do Knicks, acabava de errar o último arremesso do time na partida. A vitória seria do Bulls e eles voltariam para Chicago com a oportunidade de fechar a série. Isto, contudo, nunca aconteceu.
Hubert Davis errou o arremesso, é verdade, mas foi aí que ouviu-se o apito. Atrasado. Inconveniente. Injusto. A bola bate no fundo do aro, sobe e, ao subir, soa o apito. O árbitro Hue Hollins aponta para Scottie Pippen: falta. Ninguém acredita. Até mesmo Phil Jackson perde a compostura. Os dois lances-livres caem. Knicks vence o jogo. Logo Scottie Pippen? O cara havia terminado em terceiro na disputa pelo MVP daquela temporada (atrás do vencedor, Olajuwon, e do vice, David Robinson). Ele estava levando o time até ali. Ele era um defensor impecável, todos sabiam disso. Justamente este cara iria fazer uma falta naquele momento do jogo? Não podia ser.
Foi com um gosto amargo na boca que o time de Chicago entrou pro jogo seis. Agora, era vencer ou ir pra casa. Todos sabiam disso. Scottie Pippen, especialmente, sabia disso.
Os Bulls não ficaram atrás em nenhum momento daquele jogo. No segundo tempo, a maior diferença da partida, 17 pontos, viria por meio da posterização mais emblemática da história dos playoffs.
Scottie Pippen recebe a bola na lateral do garrafão, dá um passo, une os dois pés e salta. No meio do caminho, encontra com – quem mais? – Patrick Ewing. Pippen, mesmo menor e muito mais leve, enterra a bola sobre Ewing. O pivô aterrissa desequilibrado e tenta se segurar no jogador do Bulls. Scottie empurra sua mão e Ewing cai no chão. Ewing cai no chão e Scottie Pippen caminha sobre o corpo do pivô. Passa por sobre a cabeça de Ewing e então vai em direção a Spike Lee. Lee, de pé na lateral da quadra, grita e gesticula inconformado. Pippen caminha até ele e diz: “Sente-se, Spike.”
Os fans pulam, comemoram, gritam e seus gritos alcançam a altura que Scottie saltou para dar aquela enterrada. Aquilo era história, todos sabiam. O Bulls perderia aquela série dois dias depois. Mas isso já não importava. Em plena Copa do Mundo de Futebol nos EUA, um fan segurava o cartaz: “Basquete, não futebol”. Naquele momento, não havia uma alma capaz de discordar.