dikembe mutombo – Homens Brancos Não Sabem Blogar http://hbnsb.blogosfera.uol.com.br Só mais um site uol blogosfera Wed, 06 Jul 2016 15:17:38 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Atlanta Hawks aposenta a camiseta #55 de Dikembe Mutombo http://hbnsb.blogosfera.uol.com.br/2015/11/25/976/ http://hbnsb.blogosfera.uol.com.br/2015/11/25/976/#comments Wed, 25 Nov 2015 19:48:32 +0000 http://hbnsb.blogosfera.uol.com.br/?p=976 “Eu nunca sonhei que veria minha camisa pendurada numa arena da NBA. Eu vesti muitos uniformes nessa liga, mas eu estou tão honrado de ter minha camisa aposentada aqui em Atlanta, a cidade que agora é meu lar. E ‘lar’ não é uma palavra que eu digo levianamente.

Quando eu vim para os Estados Unidos, eu não tinha nada. Encontrar uma casa longe de casa era a coisa mais importante para mim – mais importante até que o basquete. No dia em que meu avião pousou no aeroporto de Dulles, em 1987, três estudantes estavam esperando para me recepcionar em francês porque eu não sabia falar inglês. Naquele momento, eu senti que eu não estava perdido na selva. Eu nunca irei me esquecer deles.

Antes de eu chegar em Georgetown, a mídia estava falando, ‘Quem é esse… Mutambi?’
Ninguém sabia pronunciar meu nome. Ninguém tinha me visto jogar basquete. Ninguém nunca tinha me visto. Então meu técnico, Coach Thompson, numa conferência de imprensa, queria se divertir: ‘Nós temos um novo jogador que veio da África,’ ele disse. ‘Esperem para vê-lo. Ele tem 1.75m, mas acreditem, ele vai ser muito bom.’ Todos ficaram boquiabertos quando me viram no treino pela primeira vez: o Mutombo de verdade tinha 2.18m.

O Coach Thompson tem sido um pai pra mim desde então. Ele me ensinou como jogar basquete, e como me tornar um homem. Foi em Georgetown que eu aprendi a amar o jogo, mas também foi em Georgetown que eu me preparei para a vida pós-jogo. O Coach Thompson se importava conosco como estudantes e pessoas, não só como atletas. A filosofia dele era, ‘A bola irá parar de quicar um dia. Você pode ser quão grande puder na quadra, mas um dia a bola irá parar. E então o que você vai fazer?’

Sob o comando do Coach Thompson, você não poderia ser um jogador de basquete se você não se importasse com a escola também. Eu aprendi isso no meu segundo ano. Eu perdi apenas um dia de aula na Georgetown. Mas foi um erro. Eu acordei naquele dia com dor de dente e decidi que não iria para aula. Eu fui direto pro dentista e eu esqueci de avisar o time. Quando eu apareci para o treino naquela tarde, tinha um pedaço de papel no meu armário: era um passagem de avião só de ida para o Congo. Não era falso. O Coach Thompson tinha mesmo comprado uma passagem só de ida com meu nome pra me mandar de volta.

Eu comecei a chorar no vestiário. Eu já tinha visto dois amigos serem expulsos do time por motivos acadêmicos. Eu não queria ser o terceiro. Eu nunca mais perdi um dia de aula. Hoje, a bola parou de quicar, mas eu estou orgulhoso de ter continuado minha carreira depois do basquete com a minha fundação, e como embaixador global da NBA.

Para todo o canto que eu vou, as pessoas balançam o dedo para mim. Eu balanço o dedo como resposta. Quando eu vejo as pessoas balançando os indicadores pra mim, é como se elas estivessem me aplaudindo: ‘Não, não, não.’ Eu amo isso. Todas as vezes que eu bloqueei alguém e balancei meu dedo, nunca foi pessoal. Eu fazia isso para que as pessoas se lembrasse de mim. Eu queria que todos soubessem que eu que controlava o garrafão. Eu queria que as pessoas soubessem que eu tava lá todo dia para dizer, ‘Ninguém vai passar por aqui.’

‘Não, não, não.’ Quando eu escuto essas palavras, eu sorrio de orelha a orelha. Eu estou tão honrado de fazer parte desse seleto grupo de cinco camisas que o Hawks já aposentou. Eu estou tão honrado pelo apoio da franquia ao longo desses anos. A todas as pessoas que me fizeram sentir em casa e a todas as cidades que eu já joguei: muito obrigado. Esse é meu lar. A NBA é meu lar. Eu estou ansioso para continuar com meu trabalho como embaixador do jogo. E se um dia você me vir na rua, eu espero que você me comprimente.

Você já sabe como.” (Dikembe Mutombo para a The Players’ Tribune)

18 anos de NBA. 8 vezes All Star. 4 vezes melhor defensor da temporada. 2 vezes líder em rebotes. 3 vezes líder em tocos. Ontem, o Atlanta Hawks aposentou sua camisa número 55, em homenagem ao Dikembe Mutombo. Fica aqui o nosso: “não, não, não.”

Posted by Homens Brancos não Sabem Blogar on Wednesday, November 25, 2015

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