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Arquivo : seleçao brasileira

Do baú: Ary Vidal fumando em plena semifinal do Mundial de 1978
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Marcos Jorge

aryvidalJá faz umas duas semanas, a agência de notícias Associated Press liberou no Youtube cerca de um milhão de minutos de seus arquivos. É coisa para caramba, como vocês já devem imaginar. Curioso que sou, fui ver o que de basquete havia nesse latifúndio audiovisual e encontrei este trecho da semifinal do Mundial de basquete de 1978, realizado na Filipinas, entre Brasil e União Soviética.

O vídeo, claro, não é nenhuma excelência da transmissão esportiva, limitando-se a um mero registro da partida. Ainda assim, temos algumas pérolas. Os pivôs brasileiros, entre eles o grande Ubiratan Maciel, se desdobram para batalhar os rebotes com os soviéticos. Nota-se ali uma aberração em vermelho: é Vladimir Tkachenko, um pivô de 2m20 que parece saído do papel de vilão de algum filme do James Bond dos anos 70.

Oscar Schmidt, queixo proeminente, madeixas ao vento e calças curtas também aparece, bem como Marcel, ambos nos seus vinte e poucos anos e já cestinhas da seleção na competição.

Agora, se tem algo que me chamou a atenção é o banco da seleção brasileira. Ali está o saudoso Ary Ventura Vidal, o mesmo técnico da conquista do Pan de Indianápolis, em 1987. Não, não é o fato de ele ter duas conquistas expressivas com a seleção em menos de uma década que me espanta (embora isso seja notável para os dias de hoje!), mas o fato de ele estar fumando um cigarro em plena partida (0m44).

Isso mesmo! O cara tá sentadão no banco, cigarro aceso entre os dedos, levanta, orienta o time, volta a se sentar. Tudo de boa, tudo normal. Como aquele tiozão na beira da piscina do clube que levanta, grita pro filho não nadar ali na parte funda, e que volta pra cadeira para degustar sua Malt 90.

Às vezes a gente precisa desses choques de realidade pra perceber as mudanças do mundo. Ah, sim, nesse torneio o Brasil ganhou o bronze, última medalha masculina em mundiais. Depois dessa derrota para os soviéticos vencemos a Itália em um buzzer beater emocionante do Marcel do meio da quadra.

E esse dá pra ver com a narração do inesquecível Luciano do Valle:


Em 1983, Jordan ganhava o último ouro dos EUA no Pan em cima do Brasil
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Marcos Jorge

Foi no Pan de 1983 que Michael Jordan tirou seu cartão de visitas e se apresentou à seleção brasileira pela primeira vez. Na realidade, aos 20 anos de idade, essa era a primeira vez que ele jogava um jogo oficial internacional.

Não é que Jordan fosse um zé ninguém do basquete. Naquela época eram os universitários que representavam os EUA na modalidade e MJ estava no meio de sua passagem pela universidade de North Carolina. Em 82, seu primeiro ano na faculdade, tinha sido campeão nacional. Em 1983, ano do Pan, foi escolhido para a seleção universitária dos EUA. Um ano depois seria eleito o melhor jogador dos EUA para em seguida fazer o salto para a NBA.

O Brasil de certa forma era o time a ser batido: mais experiente, com atletas na casa dos 26, 27 anos e vindo de um título sul-americano. A seleção dos EUA, apesar de Jordan e outros futuros nomes da NBA, como Mark Price, Sam Perkins, Chris Mullin e Wayman Tisdale, tinha entre 19 e 22 anos de idade e nenhuma bagagem internacional.

Mas no Brasil, a gente sabe, ninguém dá muita bola para o que acontece no basquete universitário dos EUA. Imagina então no começo dos anos 80, sem internet ou TV a cabo. Jordan pegou muita gente de surpresa na seleção. Em Caracas, a defesa zona do Brasil não permitiu aquelas jogadas plásticas que nós nos acostumamos a ver pelo Chicago Bulls ao longo da década seguinte, mas pelo vídeo dá pra ver que ali tem algo especial.

Jogando com a camisa 5, Jordan terminou a competição como cestinha do time com 17,3 pontos por partida, numa campanha invicta (8-0). Na segunda partida contra o Brasil, valendo a medalha de ouro, Jordan anotou 14 dos seus 16 pontos no segundo tempo e garantiu o título para os EUA. A última medalha de ouro da seleção masculina norte-americana em Panamericanos, diga-se.


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