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O “assassinato” de Patrick Ewing
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André Cavalieri

1994. Chicago Bulls vs New York Knicks. Semi-final de conferência. Jogo seis. Scottie Pippen assassina Patrick Ewing.

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Com a saída de Michael Jordan da NBA, Scottie Pippen assumiu a responsabilidade de liderar o Chicago Bulls. As coisas iam bem. Depois de uma temporada de 55 vitórias e uma varrida sobre o Cleveland no primeiro round dos playoffs, era hora de enfrentar um velho conhecido: o New York Knicks. Com Jordan em quadra, o Bulls nunca havia perdido uma série de playoffs para o time de Patrick Ewing. Sem o Jordan, tudo parecia que continuaria igual. No jogo cinco, os dois times estavam cada qual com duas vitórias. Com três segundos para o término do jogo, Chicago liderava por um ponto e Hubert Davis, do Knicks, acabava de errar o último arremesso do time na partida. A vitória seria do Bulls e eles voltariam para Chicago com a oportunidade de fechar a série. Isto, contudo, nunca aconteceu.

Hubert Davis errou o arremesso, é verdade, mas foi aí que ouviu-se o apito. Atrasado. Inconveniente. Injusto. A bola bate no fundo do aro, sobe e, ao subir, soa o apito. O árbitro Hue Hollins aponta para Scottie Pippen: falta. Ninguém acredita. Até mesmo Phil Jackson perde a compostura. Os dois lances-livres caem. Knicks vence o jogo. Logo Scottie Pippen? O cara havia terminado em terceiro na disputa pelo MVP daquela temporada (atrás do vencedor, Olajuwon, e do vice, David Robinson). Ele estava levando o time até ali. Ele era um defensor impecável, todos sabiam disso. Justamente este cara iria fazer uma falta naquele momento do jogo? Não podia ser.

Foi com um gosto amargo na boca que o time de Chicago entrou pro jogo seis. Agora, era vencer ou ir pra casa. Todos sabiam disso. Scottie Pippen, especialmente, sabia disso.

Os Bulls não ficaram atrás em nenhum momento daquele jogo. No segundo tempo, a maior diferença da partida, 17 pontos, viria por meio da posterização mais emblemática da história dos playoffs.

Scottie Pippen recebe a bola na lateral do garrafão, dá um passo, une os dois pés e salta. No meio do caminho, encontra com – quem mais? – Patrick Ewing. Pippen, mesmo menor e muito mais leve, enterra a bola sobre Ewing. O pivô aterrissa desequilibrado e tenta se segurar no jogador do Bulls. Scottie empurra sua mão e Ewing cai no chão. Ewing cai no chão e Scottie Pippen caminha sobre o corpo do pivô. Passa por sobre a cabeça de Ewing e então vai em direção a Spike Lee. Lee, de pé na lateral da quadra, grita e gesticula inconformado. Pippen caminha até ele e diz: “Sente-se, Spike.”

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Os fans pulam, comemoram, gritam e seus gritos alcançam a altura que Scottie saltou para dar aquela enterrada. Aquilo era história, todos sabiam. O Bulls perderia aquela série dois dias depois. Mas isso já não importava. Em plena Copa do Mundo de Futebol nos EUA, um fan segurava o cartaz: “Basquete, não futebol”. Naquele momento, não havia uma alma capaz de discordar.


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