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Jordan: um soco, um olho roxo, 72 vitórias.
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André Cavalieri

KerrJordan

“Eu não faço ideia do que se passou pela minha cabeça”, diz Kerr, rindo enquanto lembra de sua briga com Jordan no outono de 1995. “Era o Jordan, o maior jogador de todos os tempos, mas eu era bastante competitivo.”

Jordan e os Bulls tinham acabado de perder para o Orlando Magic na semi-final de conferência daquele ano. Depois de passar um tempo no beisebol, Michael tinha saído da aposentadoria do basquete para ter uma média respeitável de 26.9 pontos por jogo em 17 partidas da temporada regular. Ainda assim, essa era a primeira derrota de Jordan em playoffs desde 1990 e algumas pessoas diziam que o rei, já com 32 anos, não conseguiria voltar a jogar do mesmo jeito. Jordan, é claro, estava decidido a provar o contrário, e isto era visível em cada treino.

Ele e Steve estavam se marcando e um não parava de gritar com o outro. Foi então que as coisas esquentaram: “Houve uma coisa que ele disse que me incomodou,” diz Kerr. “Então eu comecei a falar mais e mais de perto e eu acho que Michael não gostou. Ele me empurrou com o antebraço e eu empurrei ele de volta. A próxima coisa que eu me lembro é o resto do time tirando ele de cima de mim.”

Com 1.90m e 80kg, Kerr saiu da briga com um olho roxo, mas também deu uns socos em Michael: “Eu sabia que se aquilo fosse uma luta de verdade ele poderia me matar, se quisesse,” diz Kerr. “Mas era uma situação em que eu precisava me defender.”

Naquela época, Kerr e Jordan mal eram amigos. Eles estavam jogando juntos há apenas dois meses. Ainda assim, antes do Jordan ir para casa naquele dia, o técnico Phil Jackson disse a ele que fosse falar com Steve o quanto antes. Michael ligou em menos de uma hora para se desculpar. Eles conversaram no dia seguinte e tudo se resolveu.

Isto pode parecer estranho, principalmente vindo de um cara com o olho roxo, mas Kerr acredita que a briga foi positiva. Ele não estava sendo tratado muito bem pelo resto do time e, segundo ele, o relacionamento entre todos mudou muito depois disso. “A gente se respeitava mutuamente. E agora Jordan confiava mais em mim, e em situações mais importantes,” conta Steve.

Para Phil Jackson, esta briga foi um chacoalhão no time todo, especialmente em Michael. Segundo ele, foi ali que o Bulls conseguiu formar um time capaz de ganhar o título e 72 vitórias naquela temporada. “Eu acredito que ele se tornou uma pessoa mais compassiva com todo mundo. Definitivamente mais compassivo comigo,” diz Kerr. “Ele passou a entender que todos éramos diferentes, que nem todos nós éramos tão talentosos quanto ele, e que nem todos conseguíamos fazer as mesmas coisas.”

Depois do incidente entre Kerr e Jordan, os Bulls não perderam mais do que dois jogos seguidos durante toda a temporada seguinte. Jordan entendia mais seus companheiros e o time entendia mais Jordan. Todos tentavam jogar com a mesma energia que ele e foi isso que os levou a melhor temporada de todos os tempos. O triângulo ofensivo de Phil Jackson funcionava com uma harmonia impecável. Segundo Kerr, era uma energia difícil de se alcançar, e que valia a pena brigar para se ter. Neste caso, literalmente.

(Esta matéria foi traduzida e adaptada de uma matéria da ESPN, escrita por James Herbert: http://espn.go.com/blog/truehoop/post/_/id/61933/landing-a-punch-on-michael-jordan.)


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