Homens Brancos Não Sabem Blogar

#MambaDay

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“Despedida de Kobe Bryant terá cobertura de final de conferência”, anuncia a ESPN. Também pudera. Os veículos de comunicação tiveram quase um semestre para se prepararem para o dia de hoje. Gráficos, infográficos, top 5, top 10, vídeos motivacionais, de patrocinadores, depoimentos de amigos, adversários. Tudo que você puder imaginar foi feito, durante os últimos meses, para reverenciar este grande momento.

Mas quis o destino, sempre traiçoeiro, que às 23h30 de Brasília, quando no Staples Center começa a última das 1346 partidas da carreira de Kobe Bryant, começasse também, na mesma Califórnia, o jogo que pode estabelecer o novo recorde de melhor campanha da história da temporada regular da NBA: as tão sonhadas e, até outrora, inimagináveis 73 vitórias do Golden State Warriors.

Ganhar 73 partidas de 82 disputadas é algo fabuloso. Tão fabuloso que nem o maior time da história da NBA conseguiu – e aqui nem importa qual time você considere o maior da história da NBA. O feito é tão difícil que, mesmo esse Golden State Warriors, que em determinado momento da temporada parecia absolutamente imbatível, penou pra conseguir chegar à última rodada com chances de se consagrar. Talvez nem consiga. Mas hoje deve cair o recorde.

Um recorde. A despeito da beleza que é ver esse time do Warriors jogar, com todo o espírito coletivo dos caras, com a plasticidade dos arremessos que contrariam a lógica de Stephen Curry, o grande mérito desse time consiste na superação de números: maior número de cestas de três, maior número de vitórias seguidas em casa, maior número de vitórias em uma mesma temporada.

A NBA é apegada a números. Em toda transmissão de qualquer joguinho mequetrefe, você fica sabendo o aproveitamento daquele reserva nos chutes de três com a mão esquerda faltando menos de dois minutos para acabar o terceiro quarto, quando o time usa o uniforme com manga. Kobe Bryant, como um bom produto dessa liga que tanto se liga em estatísticas, também é o que é por ostentar números fabulosos: cinco títulos, terceiro maior cestinha da história, 81 pontos num jogo, 18 vezes All Star, e por aí vai.

Mas o que faz de Kobe Bryant, Kobe Bryant, definitivamente, não são os números. Não é a sua linha de produtos na Nike. Não é o seu apelido com referência a um animal aterrorizante. Desde o moleque de 18 anos que, num voo sem escalas, saiu do colégio direto pra NBA, Kobe nos dá aulas, noite após noite, de intensidade, de competitividade e de capacidade de vencer.

Kobe despertou o sebastianismo que existe em cada um de nós (vocês já devem ter visto algum daqueles vídeos com jogadas dele e do Jordan), sobrepujou rivalidades (este texto está sendo escrito por um ardoroso fã do Boston Celtics), influenciou a forma como o jogo é jogado e, acima de tudo, levou pra dentro de quadra toda a paixão com que nós, fãs (muito mais importantes que os números), encaramos esse esporte.

Hoje, um único número importa: é o último. Hoje, a noite tem um dono. É hoje! É pra sempre! É Kobe Bryant.

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