Homens Brancos Não Sabem Blogar

“No Centro do Jogo” – parte IX

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Shaquille O'Neal era um monstro. De costas pra cesta, o resultado era sempre o mesmo: ‘BARBECUE CHICKEN’. Eu explico o porquê da frase: O’Neal dizia que, contra todos os pivôs que ele jogou, ele sabia que conseguiria vencer (salvo, talvez, contra o Tim Duncan, que o próprio Shaq admitiu 'nunca ter conseguido entrar na cabeça'). Ele sabia que, via de regra, na frente dele estava um franguinho, um franguinho no espeto, um 'barbecue chicken'. Em outras palavras, Shaq sabia que, todo mundo que aparecesse pela frente, ele jantaria com farofa.

De fato, no ano do seu draft, 1992, O’Neal já era dominante. Logo nos seus primeiros sete dias de NBA, ele foi nomeado melhor jogador da liga na semana, tornando-se o primeiro atleta rookie da história a alcançar tal feito. Ele fechou sua primeira(!) temporada com médias de 23pts/14reb/3.5blk. Por motivos óbvios, ele foi Rookie do ano e tornou-se o primeiro rookie a ser votado como titular do All-Star Game desde Michael Jordan em 1985. Também naquele ano, ficou claro que sua carreira seria marcada por momentos polêmicos. Ao final da temporada, depois de não ter conseguido ir para os playoffs, Shaq teria dito que “nós precisamos demitir o nosso técnico.” É bom lembrar que isso foi a fala de um calouro. O Orlando Magic, no entanto, aceitou o pedido, demitiu o treinador, e o assistente, Brian Hill, assumiu o cargo.

A segunda temporada de O’Neal começou com a chegada de Anfernee ‘Penny’ Hardaway. Os dois tiveram uma parceria de sucesso, chegando aos playoffs em todos os anos em que atuaram juntos. Eles chegaram até às finais, em 1995, mas foram varridos pelo Houston Rockets de Hakeem Olajuwon. Em 1996, Shaq tornou-se free agent e, mais uma vez, teria dito que o técnico do Orlando precisava ser trocado porque, segundo ele, 'ninguém o respeitava'. Desta vez, contudo, a franquia preferiu manter o técnico. O’Neal fez as malas e foi para o Los Angeles Lakers.

Em Los Angeles, Shaq continuou sendo dominante, mas foi só três anos depois, na virada do milênio, com o amadurecimento de Kobe e, principalmente, a contratação de Phil Jackson, que a sorte do time (e de Shaq) mudou. A verdade é que Shaq precisava de uma figura que o inspirasse a se dedicar. É por isso que ele reclamava tanto de seus técnicos. Quando Phil Jackson — seis títulos no currículo e ex-técnico daqueles lendários times do Bulls — apareceu por ali, O'Neal finalmente arranjou um bom motivo para se dedicar ao máximo. Nessa época, ele treinou como nunca antes na carreira. O resultado veio rápido: o Lakers ganhou três títulos seguidos e O’Neal foi eleito MVP das finais naqueles três anos.

Depois da famosa treta entre Shaq, Kobe e toda a organização do Lakers, O’Neal foi-se embora pra Miami, curtir a vida adoidado ao lado da estrela em ascensão, Dwyane Wade, a quem ele deu o apelido de “Flash”. Em 2006, o Miami trouxe o ex-técnico do Showtime do Lakers (e, portanto, outra figura que inspiraria respeito do Shaq), Pat Riley, e chegou as finais. Depois de uma série bastante polêmica contra o Dallas, com muitos fãs até hoje dizendo que a arbitragem garantiu a vitória do Heat ao marcar todas as faltas do mundo em cima do Wade (ele chutou 97 lances-livres nos seis jogos da série, um recorde), Shaq venceu seu quarto e último título.

Na temporada de 2007-08 ele saiu do Miami e teve breves passagens pelo Phoenix, pelo Cleveland e enfim terminou sua carreira em Boston, depois de ter jogado apenas 37 partidas na temporada de 2010-11.

Shaq fez time demitir técnico e contratar jogador; Shaq distribuía braçadas durante o jogo; Shaq dava entrevistas xingando todo mundo em rede nacional; Shaq, em resumo, é um dos jogadores que mais gerou entretenimento da história!

Foram cinco discos como rapper, doze longas como ator e dois reality-shows. Como atleta, além dos quatro títulos da NBA, e dos 3 MVP das Finais, ele é um dos três jogadores da história (ao lado de Jordan e Willis Reed) a ganhar MVP da temporada, MVP do All-Star Game e MVP das Finais no mesmo ano e um dos dois únicos jogadores da história (ao lado de Lebron James) a ganhar o MVP com apenas um voto de distância da unanimidade (120 de 121 votos foram para o Shaq e o que faltou foi pro Allen Iverson). Ele é também o último cara da história a quebrar uma tabela da NBA e, por isso, nós sempre o admiraremos. As duas mãos agarram o aro, a força da enterrada leva suas duas pernas pra cima, a imagem é clássica, emblemática: um monstro de 2.16m e 150kg, imparável, dominante. Este é Shaquille ‘The Diesel’ O'Neal.

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