“No Centro do Jogo” – parte V
Homens Brancos Não Sabem Blogar
Nascido na Jamaica, Patrick Ewing mudou-se para os Estados Unidos com 12 anos. De família pobre, ele conseguiu finalizar os estudos e ingressar numa faculdade graças a um programa federal de bolsas.
Em 1980, Ewing viajou para Carolina do Norte para ingressar na University of North Carolina (UNC), onde atuaria ao lado de Sam Perkins, James Worthy e Michael Jordan. Depois de uma visita ao campus, contudo, presenciou uma manifestação a favor da Ku Klux Klan e desistiu de ir morar na cidade.
Ewing foi para a Universidade de Georgetown, atuou como titular desde o primeiro jogo e levou o Georgetown Hoyas à final do torneio. Na final, encontrou justamente a UNC. Com pouco mais de 30 segundos para o término da partida, Georgetown estava vencendo por um, mas a posse era de North Carolina. O também rookie Michael Jordan meteu uma bola faltando 15 segundos para o término do confronto e a UNC passou um ponto a frente do placar. Os Hoyas ainda tinham tempo para uma última tentativa, mas o armador Freddy Brown cometeu um turnover horrível ao passar a bola pra James Worthy, ala do time adversário. Georgetown perdeu e Ewing estreiou o que seria uma longa história de derrotas para MJ.
Dos quatro anos que jogou pelos Hoyas, Pat levou o time às finas três vezes e venceu uma, em 1984. Apesar de não ter ido para a Carolina do Norte para fugir do racismo, Ewing acabou sendo discriminado em Georgetown. Mais de uma vez, espectadores jogaram objetos e alimentos no jogador durante uma partida.
Pat foi a primeira escolha do draft de 1985, selecionado pelo New York Knicks. A cidade estava eufórica. Pela primeira vez desde o começo da década de 70, os fãs sentiam que o Knicks tinha futuro. Pat O'Brien, narrador da CBS, chegou a dizer que ''Houve a era do Mikan, a era do Bill Russell, a era do Kareem. Agora, teremos a era do Ewing.''
Em seu primeiro ano, Pat foi rookie do ano e teve 20 pontos, 9 rebotes e 2 tocos por jogo. Em 1992, o Knicks encontrou com o Chicago nas semi-finais de conferência. A série foi até o jogo sete, mas – bem – era contra o time do Michael Jordan e o Jordan não sabe perder pro Ewing. No ano seguinte, 1993, contudo, parecia que Pat teria sua revanche. Nova York tinha tido a melhor campanha da conferência leste (60-22) e abriu 2 a 0 nas finais de conferência contra o Bulls. O que aconteceu a seguir? O Chicago ganhou quatro partidas seguidas e fechou a série.
Mas no ano seguinte tinha que ser a hora dele! Jordan havia aposentado, agora era a hora. E parecia que seria mesmo. Pela primeira vez desde 1973, o Knicks voltou às Finais. O caminho até lá, no entanto, foi dos mais difíceis. Na semi-final de conferência, ele venceu o Bulls de Scottie Pippen em sete jogos de muita rivalidade. Na sequência, enfrentou o Indiana de Reggie Miller, e venceu também em sete jogos. Nas Finais contra o Rockets, o equilíbrio permaneceu: sete jogos acirradíssimos, nos quais nenhum time venceu por mais de 10 pontos de diferença. Apesar de grandes atuações de Ewing (na época, ele estabeleceu o recorde de tocos em Finais e o recorde de tocos num mesmo jogo de Finais), o Houston de Hakeem Olajuwon foi campeão.
O Knicks continuou chegando aos playoffs nos anos seguintes, mas o resultado foi basicamente o mesmo. Na sua última temporada na equipe (99-2000), Ewing jogou sua milésima partida pelo time e encerrou sua carreira com 1039 jogos pela franquia (o único a ter participado de mais de 1000 confrontos pelo Knicks).
Ele ainda jogou uma temporada pelo SuperSonics e uma pelo Magic, e então se aposentou. 11x All-Star, 7x All-NBA Teams, integrante do Dream Team, Hall of Famer, eleito um dos 50 melhores jogadores da história pela NBA, mais de 24mil pontos e 11mil rebotes na carreira, este é Patrick Ewing.
Uma lenda, sem dúvida, e uma vítima da década de ouro da NBA. Tivesse jogado em outra época, Pat teria mais chances de ganhar um título e estaria noutra posição neste ranking.